CRIAÇÃO DE ABELHAS NATIVAS BRASILEIRAS SEM FERRÃO É ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE MEL
07 / 01 / 2013Abelhas sem ferrão são alternativa para produção de mel
Cientistas estão preocupados com a diminuição da população de abelhas e buscam soluções ao problema. Estes insetos são peças fundamentais na polinização de vegetais. O Futurando mostrou a preocupação de cientistas com a redução no número de abelhas e algumas iniciativas para a criação desses insetos em espaços urbanos. Isso porque é preciso encontrar formas de assegurar a fertilização das plantas, na qual as abelhas exercem um importante papel.
A polinização é um processo fundamental para a produção de alimentos e as abelhas são as grandes responsáveis por garantir a reprodução das espécies que precisam de ajuda externa para mover o pólen das anteras (gametas masculinos) para os estigmas (femininos).
Estima-se que existam entre 25 e 30 mil espécies de abelhas no mundo. Elas contam com a ajuda de moscas, vespas, besouros, borboletas ou mesmo de algumas espécies vertebradas para assegurar a reprodução de pelo menos 80% dos vegetais. Os dados são apontados por um relatório em inglês sobre as abelhas e seu papel na sustentabilidade das florestas, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação.
O documento relata ainda que nas florestas tropicais e outras coberturas vegetais de clima quente, apesar de pouco reconhecido, o papel das abelhas é fundamental. Muitas espécies de plantas e animais não sobreviveriam sem o trabalho desses insetos, já que a produção de sementes, nozes, castanhas e frutas entraria em colapso.
Algumas plantas precisam da visita de várias abelhas para assegurar que o processo de fertilização seja completo. O relatório aponta como exemplos o morango – que precisa de pelo menos 20 grãos de pólen – e as maçãs, que precisam de quatro ou cinco abelhas para completar seu ciclo. Se a fertilização for inadequada por causa da falta de abelhas, nem todas as sementes se desenvolverão.
Adaptação – Como o programa mostrou, alguns apicultores têm investido na criação de abelhas em áreas urbanas. Entre tantas espécies, algumas se adaptam melhor ao propósito e podem até mesmo conviver pacificamente com pessoas e animais domésticos. Entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) chamam a atenção para as facilidades na criação de abelhas sem ferrão, especialmente da subfamília Meliponinae.
Embora essas abelhas produzam menos do que as tradicionais melíferas, seu mel tem maior valor de mercado justamente por ser mais raro. Além disso, pesquisas em laboratório apontaram outras vantagens: o mel das meliponíneas é considerado medicinal. (Fonte: Portal Terra)
PRODUÇÃO DE MEL COM A UTILIZAÇÃO DA ABELHA SEM FERRÃO
Edmilton Martins Barbosa[1]
RESUMO: Este artigo aborda sobre a criação de abelhas sem ferrão. A utilização dessas abelhas na produção de mel é uma atividade tradicional, conhecida como meliponicultura. O objetivo deste trabalho foi conhecer como é usada a abelha sem ferrão na produção de mel. Utilizou-se, nesta pesquisa, a metodologia qualitativa, de cunho bibliográfico, com pesquisa em livros e artigos científicos. A criação de espécies de abelhas é um componente essencial para a conservação da biodiversidade e uma alternativa de fonte de renda, podendo ser utilizada pelos agricultores na polinização de culturas agrícolas.
PALAVRAS-CHAVE: Meliponicultura. Manejo. Predadores.
1.Introdução
A criação de abelhas indígenas sem ferrão em cabaças, cortiços e caixas rústicas constitui uma atividade tradicional em quase todas as regiões do Brasil. Essa atividade, conhecida como meliponicultura, foi inicialmente desenvolvida pelos índios, e vem, ao longo dos anos, sendo praticada por pequenos e médios produtores, assim como, por produtores de base familiar.
A criação dessas simpáticas abelhas pode ser uma atividade vantajosa para comunidades e propriedades familiares de agricultores e é também uma forma de preservar espécies de abelhas silvestres.
Foi utilizada nesta pesquisa a metodologia qualitativa, de cunho bibliográfico, com pesquisa em livros e artigos científicos.
Assim neste artigo será abordado sobre a criação de abelhas sem ferrão. Para tanto, objetiva-se conhecer como é feita a utilização da abelha sem ferrão na produção de mel.
2.A Criação de Abelhas sem Ferrão
A Meliponicultura, como é denominada, é a criação de abelhas indígenas sem ferrão (NOGUEIRA-NETO, 1997). A criação de abelhas sem ferrão, além de propiciar a coleta de seus produtos, ganha importância comercial dado o seu potencial de utilização como polinizadoras de culturas agrícolas, uma vez que os polinizadores naturais estão cada vez mais ameaçados pelo desmatamento desordenado (BOAVENTURA & SANTOS, 2007).
Há muitos agricultores utilizando as abelhas sem ferrão na polinização de culturas agrícolas tais como urucum, chuchu, camu-camu, carambola, coco-da-bahia e manga. Essa prática, amplamente usada com as abelhas do gênero Apis, conhecidas como abelhas africanizadas ou abelhas africanas e Bombus conhecidas por mamangavas, também chamadas de mamangaba, mangangá, mangava, etc. Estas qualidades veêm sendo utilizada até mesmo para cultivar morangos dentro de estufas (BOAVENTURA & SANTOS, 2007).
A abelha jataí é considerada uma das espécies mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação. Vive nas grandes e pequenas cidades, nas florestas virgens e capoeiras, nos cerrados, nos moirões de cerca, nos ocos dos paredões de pedra, etc (NOGUEIRA-NETO, 1970). Para o autor, este tipo de abelha já foi observado também nidificando em garrafas tipo pet, em ninhos abandonados de pássaros como nos do João de barro, em caixas de medidores de luz, em frutos tipo cabaça, etc.
Para manejo de abelhas indígenas, deve-se dar preferência às espécies locais. No Centro-Oeste, em especial nos cerrados de Brasília, recomenda-se a criação daMelipona rufiventris (uruçu vermelha), que é o equivalente ecológica de gênero Melipona para a região. Infelizmente no Distrito Federal essa espécie está ameaçada de extinção, tendo ocorrido desaparecimento em vários locais. Por outro lado, a Melipona quinquefasciata (urucu do chão) é bastante comum, mas exige estruturas especiais para a sua criação por nidificar no chão (BOAVENTURA & SANTOS, 2007)
Recomenda-se que as abelhas sem ferrão não sejam transferidas de suas regiões de origem, pois, a aclimatização é um problema para o apicultor, por ocorrer sérios problemas devido a consanguinidade entre as colmeias e a introdução de pragas e doênças das abelhas existentes na região (BOAVENTURA & SANTOS, 2007).
Segundo Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA 2004, em seu art. 6º, afirma que:
O transporte de abelhas silvestres nativas entre os Estados será feito mediante autorização do IBAMA, sem prejuízo das exigências de outras instancias públicas, sendo vedada a criação de abelhas nativas fora de sua região geográfica de ocorrência natural, exceto para fins científicos.
O mel produzido pelas abelhas sem ferrão contém os nutrientes básicos necessários à saúde, como açúcares, proteínas, vitaminas e gordura. Esse mel possui, também, uma elevada atividade antibacteriana e é tradicionalmente usado contra doenças pulmonares, resfriado, gripe, fraqueza e infecções de olhos em várias regiões do País.
Formigas são os principais predadores das abelhas Jataís, portando deve-se controlar as incidências desses insetos, bem como instalar alpendres e suportes com dispositivos preventivos. Algumas aves são predadores naturais destas pequeninas e simpáticas abelhas, devem ser enxotadas ou dificultar seu acesso ao meliponário, instalando dispositivos criativos para esse fim (Ex. fios de nylon afastam pardais e canários; evitar pontas de tábuas excedentes na entrada que facilitam o pouso de curruíras). Aranhas que constroem teias próximas às entradas de abelhas pequenas, também causam prejuízo a essas colméias. (CHIODI, 2012)
Abelhas ladras, como a Iratim devem ser controladas, pois costuma atacar as colméias de Jataí, causando baixas de colméias novas, o que prejudica o aumento do número de colônias. As barreiras para inimigos devem ser instaladas com objetivo de isolar o acesso indesejado á caixa, o que pode ser feito com graxa, óleo queimado, lã de ovelha, iscas inseticidas ou repelentes próprios para esse fim que são encontrados em casas do gênero. Quando a instalação é no mato a preocupação deve ser adicional, com tatus iraras e pica-pau, além das famosas formigas (CHIODI, 2012)
Um grande problema para o desenvolvimento da meliponicultura e mesmo da apicultura diz respeito a falta de conhecimento das principais espécies de plantas que realmente contribuem no desenvolvimento dos enxames e na produção de mel (SALOMÉ & ORTH, 2004).
A secreção de néctar no Brasil provém principalmente de plantas nativas, cultivadas e de essências florestais. A intensidade e o período de florescimento dependem dos fatores climáticos de cada região, e a secreção de néctar e liberação de pólen também podem variar de uma região para outra. Por isso, uma planta pode ser considerada de grande valor apícola, sendo muito visitada pelas abelhas em uma região, e em outra região esta mesma planta pode não apresentar expressão apícola (ITAGIBA, 1997).
Quando as necessidades nutricionais não são satisfeitas, a capacidade reprodutiva das abelhas é uma das primeiras funções a ser afetada, influenciando negativamente sua capacidade produtiva e consequentemente promovendo o enfraquecimento da colônia. Assim, para um desenvolvimento satisfatório da colméia, é necessário que a mesma disponha constantemente de uma dieta alimentar equilibrada, que contenha todos os nutrientes essenciais, em quantidade suficiente para o seu perfeito desenvolvimento (COUTO, 1998).
Embora algumas espécies dessas abelhas estejam presentes nas cidades, o ideal é que as abelhas sem ferrão sejam criadas em locais de abundante vegetação nativa (BOAVENTURA & SANTOS, 2007). Segundo o autor os equipamentos necessários para instalação do meliponário são: colmeias, caixas, ferramentas, baldes, etc., no entanto é necessário definir os objetivos de sua criação, podendo ser: comercialização, pesquisa, polinização, preservação das espécies ou lazer. Até 50 colônias, não há necessidade de licenciamento, mas ultrapassando esse número, o meliponicultor deve retira a sua licença no IBAMA ou outro órgão ambiental competente, pois as abelhas fazem parte da fauna silvestre.
Segundo Boaventura e Santos (2007), os criadores com mais de 50 colônias devem requerer sua inclusão no Cadastro Técnico Federal (CTF), do IBAMA, e, após a obtenção de autorização de funcionamento na atividade de criação de abelhas silvestres nativas, é importante, também, a realização de um levantamento prévio das espécies de abelhas existentes mais adaptadas à sua região e à flora melífera. Aos que desejam uma exploração comercial de abelhas sem ferrão, recomenda-se a escolha de uma única espécie.
Espécies prejudiciais ou que ofereçam algum risco não devem ser criadas como: a caga-fogo (oxytrigona tataíra), a arapuá (Trigona spinipes), a xupé (Trigona branneri), a saranhão (Trigona amalthea) e a limãozinho (Lestrimelita limão). A caga-fogo representa uma ameaça aos vizinhos e ao meliponicultor. A arapuá, a xupé e a saranhão, não tem produtos de boa qualidade e são pouco higiênicas e muito agressiva. Já a limãozinho é um parasita de outras espécies (BOAVENTURA E SANTOS, 2007).
Para aqueles que buscam um aproveitamento do mel, recomenda-se a criação de espécies do gênero Melipona, que são mais produtivas. Dentre os Trigonini destaca-se a Jataí pela qualidade do mel e boa aceitação no mercado, as abelhas do gênero Scaptotrigona também possam ser bem aproveitadas comercialmente (BOAVENTURA E SANTOS, 2007).
3.Considerações Finais
A importância da meliponicultura para os ecossistemas é indiscutível. A atividade polinizadora dessas abelhas pode além de contribuir para a manutenção dos ecossistemas, aumentar a produtividade das culturas agrícolas e ser uma opção de ser uma fonte alternativa de renda, porém é imprescindível a determinação de uma prática de manejo adequada.
Para a difusão da utilização das abelhas sem ferrão na produção de mel, são necessárias políticas de incentivo ao desenvolvimento da atividade para pequenos produtores, além de um estudo aprofundado do ambiente, levantamento florístico, principalmente da vegetação local, para que seja determinado o potencial produtivo da área, devendo ser privilegiado o uso de espécies de abelhas nativas da região e a utilização de manejo adequado à cada espécie.
As propriedades físico-químicas do mel produzido pelas abelhas sem ferrão devem ser investigadas para, possivelmente, agregar valor ao mel das abelhas indígenas, muito ainda precisa ser feito para se conhecerem melhor suas características desse mel saboroso.
4. Referências Bibliográficas
BOAVENTURA, M.C. & SANTOS, G.T. Criação e manejo de abelhas sem ferrão. Coleção SENAR – 125. Brasília: SENAR, 2007.
CHIODI, C.A. Curso prático criando jataís. Disponível na internet: <http://www.abelhasjatai.com.br/CURSO-PRATICO-CRIANDO-JATAIS.pdf >, acesso em 04 de Junho de 2012.
COUTO, R. H. N. Polinização com abelhas. As abelhas na manutenção da diversidade e geração de renda. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA, 12., 1998, Salvador, BA. Anais... Salvador: CBA/FAABA, 1998.
ITAGIBA, de M. da G. O. R. 1997. Noções básicas sobre a criação de abelhas. Nobel. São Paulo. 104-5.
NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Tecnapis, 1997. 445 p.
NOGUEIRA NETO, Paulo. A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae). São Paulo: Tecnapis (distribuída pela Editora Chácaras e Quintais), 2ª Ed. 1970. 365 p.
SALOMÉ, J.A.; ORTH A.I. Diversidade da flora apícola de Santa Catarina. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 2004.
[1] Acadêmico do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Abelhas nativas sem ferrão: surge mais uma opção de economia florestal
Secretaria de Pequenos Negócios capacita produtores no Vale do Juruá
Em seu esforço de promover a produção, o governo do Estado não se esqueceu de continuar a insistir e buscar boas alternativas na economia florestal que garantam a preservação da floresta, uma das mais ricas em biodiversidade do mundo.
Assim, uma nova janela está se abrindo para produtores rurais com a criação de abelhas nativas sem ferrão.
A Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) iniciou o processo de implantação da atividade no Vale do Juruá com apoio da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap) e Secretaria de Produção Familiar (Seaprof). No momento estão acontecendo os cursos de capacitação dos produtores que desejam ingressar na atividade. Acompanha a equipe da SEPN o produtor de mel e especialista em abelhas nativas sem ferrão Engelberto Flach, que ministra o curso.
A equipe da SEPN está no Juruá desde o dia 5 deste mês e já encerrou dois cursos no Projeto Santa Luzia para produtores do Ramal 3 e Ramal da Lua Clara. Nesta semana, o curso acontece em Mâncio Lima, atendendo as comunidades do Guarani, Ramal do Cardoso, Ramal do 20, Polo Agroflorestal e Ramal do Banho. Em seguida, a equipe vai para o Rio Croa, atender a comunidade que habita às suas margens. A meta para a região do Juruá é capacitar 120 produtores. Os cursos serão levados também a outros municípios como Assis Brasil, Capixaba, Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia. Também existe a pretensão de atingir os mais isolados, como Jordão, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.
Atividade promissora
Engelberto Flach é produtor rural em Bujari, onde iniciou a criação de abelhas apis (italianas), com ferrão, chegando a produzir duas toneladas de mel por ano. Foi então que começou a se interessar pelas abelhas nativas e, com muito esforço, foi pesquisando por conta própria, fez um curso e iniciou a produção de mel com a variedade uruçu. Hoje cria também outra espécie muito valorizada, a abelha jandaíra.
Flach, com o tempo, também aprendeu a aperfeiçoar as caixas destinadas às colmeias, tendo chegado a um modelo apropriado para a região, que é um importante capítulo do aprendizado dos novos apicultores. Cada participante recebe no fim do curso uma caixa como modelo para replicar. O produtor, que não conhecia o Vale do Juruá, ficou impressionado com a potencialidade da atividade na região. Primeiro pela variedade de abelhas existentes e pela preservação das matas que oferece um habitat mais agradável para as abelhas. Há muita coisa ainda para se estudar, segundo Flach, para obter o máximo de rendimento das colmeias, e para isso é necessário conhecer seus hábitos, a maneira como orientam a construção de suas colmeias.
O secretário da SEPN, José Carlos Reis, acompanhado do secretário de Articulação Institucional, José Fernandes do Rêgo, e da presidente da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sebastiana Miranda, foi até o Ramal 3 e Ramal da Lua Clara neste fim de semana, onde entrou em contato com os produtores que já fizeram o curso de criação de abelhas nativas e se preparam para se inserir na atividade de forma profissional.
Entre eles está o produtor João Oliveira de Miranda. Ele já tem 15 caixas, de um modelo próprio, e cria abelhas de forma empírica, das variedades jandaíra e uruçu-preta. Costuma vender o litro de mel a R$ 60 e, animado com o interesse do Estado, vai aderir às novas tecnologias ensinadas pelo especialista Flach, tendo com boa expectativa com o negócio.
Segundo Reis, a SEPN vai acompanhar o desenvolvimento dos projetos durante dois anos. Ele vê um futuro promissor da atividade quando os produtores estiverem produzindo de forma organizada em cooperativas, e estima que, após um processo de certificação da atividade como sustentável, os ganhos podem triplicar, já que o mel terá o apelo de ser originário da Floresta Amazônica, livre de agrotóxicos e com especial valor para fitoterápicos.
Produtores com grande expectativa
Tanto nos ramais do Projeto Santa Luzia quanto em Mâncio Lima, muitos produtores estão entusiasmados com as possibilidades econômicas da criação de abelhas sem ferrão, vendo nela mais uma atividade que gera renda complementar para quem mora nas proximidades da floresta.
Darci Mendes dos Santos, presidente da Sociedade Agrícola do Igarapé Branco, fez o curso e já aderiu à atividade. “Ficamos muito agradecidos ao governo do Estado por investir em nosso bem-estar. Nossa comunidade está satisfeita e animada com a possibilidade de agregar mais uma atividade que pode trazer para nós melhoria de vida”, declarou.
Berlino Costa, produtor do Ramal Lua Clara, fez o curso e já se prepara para criar abelhas nativas. “O nosso ramal nunca tinha recebido esse tipo de apoio. Estamos satisfeitos e queremos cada vez mais o governo presente em nossa comunidade.”
Luis Silva de Souza, morador no Ramal do Banho, em Mâncio Lima, onde vive da agricultura, disse: “Criar abelhas sem ferrão será uma ótima atividade, pois ela não empata as outras atividades na roça. E tem mais: não precisa nem comprar ração”.
Roni Pereira Pinheiro também mora no Ramal do Banho. Ele conta que já costumava criar abelhas sem ferrão de forma artesanal - simplesmente recolhia a colmeia e a levava para perto de casa, onde esperava chegar a hora certa de colher o mel. No entanto, ele aponta para uma grande desvantagem do método utilizado. “Na hora de colher o mel a gente destruía toda a construção das abelhas. Com as caixas apropriadas, isso não irá mais acontecer”, afirma.
Raimundo Alencar Morais mora em Mâncio Lima e tem propriedade na área rural, onde vai passar a criar abelhas de forma profissional. Ele já criava abelhas de forma rudimentar, chegando a colher cerca de 20 litros de mel em 2009. “Agora estamos preparados para criar abelhas nativas e produzir mel de maneira racional.”
Assim, uma nova janela está se abrindo para produtores rurais com a criação de abelhas nativas sem ferrão.
A Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) iniciou o processo de implantação da atividade no Vale do Juruá com apoio da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap) e Secretaria de Produção Familiar (Seaprof). No momento estão acontecendo os cursos de capacitação dos produtores que desejam ingressar na atividade. Acompanha a equipe da SEPN o produtor de mel e especialista em abelhas nativas sem ferrão Engelberto Flach, que ministra o curso.
A equipe da SEPN está no Juruá desde o dia 5 deste mês e já encerrou dois cursos no Projeto Santa Luzia para produtores do Ramal 3 e Ramal da Lua Clara. Nesta semana, o curso acontece em Mâncio Lima, atendendo as comunidades do Guarani, Ramal do Cardoso, Ramal do 20, Polo Agroflorestal e Ramal do Banho. Em seguida, a equipe vai para o Rio Croa, atender a comunidade que habita às suas margens. A meta para a região do Juruá é capacitar 120 produtores. Os cursos serão levados também a outros municípios como Assis Brasil, Capixaba, Xapuri, Brasileia e Epitaciolândia. Também existe a pretensão de atingir os mais isolados, como Jordão, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter.
Atividade promissora
Engelberto Flach é produtor rural em Bujari, onde iniciou a criação de abelhas apis (italianas), com ferrão, chegando a produzir duas toneladas de mel por ano. Foi então que começou a se interessar pelas abelhas nativas e, com muito esforço, foi pesquisando por conta própria, fez um curso e iniciou a produção de mel com a variedade uruçu. Hoje cria também outra espécie muito valorizada, a abelha jandaíra.
Flach, com o tempo, também aprendeu a aperfeiçoar as caixas destinadas às colmeias, tendo chegado a um modelo apropriado para a região, que é um importante capítulo do aprendizado dos novos apicultores. Cada participante recebe no fim do curso uma caixa como modelo para replicar. O produtor, que não conhecia o Vale do Juruá, ficou impressionado com a potencialidade da atividade na região. Primeiro pela variedade de abelhas existentes e pela preservação das matas que oferece um habitat mais agradável para as abelhas. Há muita coisa ainda para se estudar, segundo Flach, para obter o máximo de rendimento das colmeias, e para isso é necessário conhecer seus hábitos, a maneira como orientam a construção de suas colmeias.
O secretário da SEPN, José Carlos Reis, acompanhado do secretário de Articulação Institucional, José Fernandes do Rêgo, e da presidente da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Sebastiana Miranda, foi até o Ramal 3 e Ramal da Lua Clara neste fim de semana, onde entrou em contato com os produtores que já fizeram o curso de criação de abelhas nativas e se preparam para se inserir na atividade de forma profissional.
Entre eles está o produtor João Oliveira de Miranda. Ele já tem 15 caixas, de um modelo próprio, e cria abelhas de forma empírica, das variedades jandaíra e uruçu-preta. Costuma vender o litro de mel a R$ 60 e, animado com o interesse do Estado, vai aderir às novas tecnologias ensinadas pelo especialista Flach, tendo com boa expectativa com o negócio.
Segundo Reis, a SEPN vai acompanhar o desenvolvimento dos projetos durante dois anos. Ele vê um futuro promissor da atividade quando os produtores estiverem produzindo de forma organizada em cooperativas, e estima que, após um processo de certificação da atividade como sustentável, os ganhos podem triplicar, já que o mel terá o apelo de ser originário da Floresta Amazônica, livre de agrotóxicos e com especial valor para fitoterápicos.
Produtores com grande expectativa
Tanto nos ramais do Projeto Santa Luzia quanto em Mâncio Lima, muitos produtores estão entusiasmados com as possibilidades econômicas da criação de abelhas sem ferrão, vendo nela mais uma atividade que gera renda complementar para quem mora nas proximidades da floresta.
Darci Mendes dos Santos, presidente da Sociedade Agrícola do Igarapé Branco, fez o curso e já aderiu à atividade. “Ficamos muito agradecidos ao governo do Estado por investir em nosso bem-estar. Nossa comunidade está satisfeita e animada com a possibilidade de agregar mais uma atividade que pode trazer para nós melhoria de vida”, declarou.
Berlino Costa, produtor do Ramal Lua Clara, fez o curso e já se prepara para criar abelhas nativas. “O nosso ramal nunca tinha recebido esse tipo de apoio. Estamos satisfeitos e queremos cada vez mais o governo presente em nossa comunidade.”
Luis Silva de Souza, morador no Ramal do Banho, em Mâncio Lima, onde vive da agricultura, disse: “Criar abelhas sem ferrão será uma ótima atividade, pois ela não empata as outras atividades na roça. E tem mais: não precisa nem comprar ração”.
Roni Pereira Pinheiro também mora no Ramal do Banho. Ele conta que já costumava criar abelhas sem ferrão de forma artesanal - simplesmente recolhia a colmeia e a levava para perto de casa, onde esperava chegar a hora certa de colher o mel. No entanto, ele aponta para uma grande desvantagem do método utilizado. “Na hora de colher o mel a gente destruía toda a construção das abelhas. Com as caixas apropriadas, isso não irá mais acontecer”, afirma.
Raimundo Alencar Morais mora em Mâncio Lima e tem propriedade na área rural, onde vai passar a criar abelhas de forma profissional. Ele já criava abelhas de forma rudimentar, chegando a colher cerca de 20 litros de mel em 2009. “Agora estamos preparados para criar abelhas nativas e produzir mel de maneira racional.”